Por Lucas Antonucci
A banda pernambucana Cangaço é
conhecida por dois grandes méritos: Misturar música regional
nordestina com Death Metal e ter tocado no Wacken Open Air, o maior
festival de Metal do mundo. Mas a estes dois méritos, vem se somar
um terceiro grande feito, que é a composição do primeiro CD da
banda ‘Rastros’.
A banda fundada em 2010 já havia
conseguido repercussão com apenas duas demos e um Ep, em que vinham
amadurecendo e construindo seu estilo, muitos elementos regionais em
um som voltado ao Metal Extremo. Mas Rastros é um CD com mais
méritos que isso, um álbum extremamente musical acima de tudo.
Dizer que é uma fusão de elementos regionais com Death Metal seria
simplista. Às vezes é difícil falar do estilo de certos álbuns,
mas sem querer fazer rotulações definitivas, quem mais deve dar uma
chance a este CD são fãs de Metal que curtam um som bem trabalhado.
Algo que bandas com raízes no Metal Extremo e que com o tempo foram
se tornando mais progressivas como Death e Opeth fizeram, e que, além
disso, incluíram sons folclóricos a mistura como fez o Vintersorg,
por exemplo.
É óbvia a fluência dos músicos, o
que torna a audição agradável aos fãs de metal progressivo que
não tenham frescura com guturais e vocais agressivos, alternados por
Rafael Candena, também guitarrista, e Magno Barbosa Lima responsável
pelo baixo. O álbum foi gravado por André Lira nas baterias,
atualmente substituído pelo experiente e de monstruoso currículo
Mek Natividade, e vários músicos convidados em diferentes
instrumentos.
Magno Barbosa (Baixo) - Mek Natividade (Bateria) - Rafael Gadena (Guitarra/Voz) |
Além de instrumentais, letras bem
feitas em inglês e português com linguagem baseada na cultura
nordestina compõem a obra. Muitas dissonâncias, um baixo com
excelentes linhas melódicas e muito trabalho na parte rítmica, por
vezes transparecendo fraseados com influências de Jazz, mas tudo
muito maduro, não há apelações virtuosísticas forçadas em
momento algum. A gravação tem qualidade internacional, muito limpo
e bem timbrado, você não vai estranhar a diferença se acabar de
ouvir uma banda renomada e em seguida colocar este CD para tocar,
indispensável ponto a quem se arrisca numa proposta musical mais
experimental destas dar atenção a este quesito, principalmente
pelas linhas complexas e o uso de vários elementos que poderiam se
perder. Instrumentistas em geral e aqueles que apreciam audições
detalhistas, com certeza terão muito gosto pelo trabalho.
Se você é fã de Opeth, Death, Vintersorg, The Faceless, O Auto da Compadecida, Sepultura, Lampião e Zé Ramalho (ou pelo menos concede respeito a este último), devem dar uma chance a este álbum e escutar pelo menos uma vez na integra e depois conversamos!